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Honra e caráter
É obrigação respeitar o direito do outro a ter opinião
February 21, 2023
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Honra e caráter, há mais de 100 anos.

Desde pequeno leio jornais. Assim, no plural. Sou carioca, e meu pai era assinante do O Globo, considerado à época um jornal de direita. Nos fins de semana, depois de suas caminhadas pela praia, meu pai trazia para casa o Jornal do Brasil, que era de esquerda. Menino novo, eu não entendia muito bem as diferenças, mas percorria nos dois jornais os títulos, subtítulos e lia com atenção, às vezes com um dicionário ao lado, as matérias que me apresentavam o Brasil, o mundo, que encaixavam peças do quebra-cabeça que sempre quis montar.

Meu pai, que foi executivo de grandes empresas, era um liberal. Meu avô materno, imortal da Academia Brasileira de Letras, intelectual católico, era um conservador. Foram minhas maiores referências. Dessa forma, claro, eu me identificava muito mais com o O Globo, mas nunca deixei de ler o JB. Isso me fez aprender rapidamente a refutar o que não considerava correto. Ganhei razoável argumentação, sem o olhar fixo em apenas uma direção, observando todos os lados de uma história, todos os personagens.

Podemos não respeitar uma opinião, mas devemos sempre respeitar o direito de o outro ter opinião, mesmo que ela seja diferente da nossa

A convivência entre contrários não era tão difícil. É verdade que passei momentos tensos no colégio, em discussões com professores de História e Geografia. Eles trabalhavam incansavelmente pela doutrinação dos alunos. Rebatê-los, quando defendiam, por exemplo, a União Soviética, "o paraíso na Terra", exigia coragem, pela ameaça à autoridade em sala de aula e porque isso representava sério risco de o boletim vir com uma nota vermelha. Mesmo assim, não me curvei. Não fui calado, não fui "cancelado".

O que meus professores entenderam sempre me pareceu bem simples, sempre me pareceu óbvio: podemos não respeitar uma opinião, mas devemos sempre respeitar o direito de o outro ter opinião, mesmo que ela seja diferente da nossa. Os que não pensam como nós não são nossos inimigos. Eles reafirmam nossas bandeiras, nossos princípios, nossos valores. Podem servir como referência negativa, e não há problema nisso. Podem nos estimular, nos dar mais energia, mais vontade de crescer e melhorar, mas o foco não estará jamais em quem se opõe a nós, em quem é contra aquilo que defendemos.

Sim, há ideais macabros, há ideias perversas. Estão por todo canto, disfarçadas de virtudes, tentando se apropriar da bondade, da fraternidade, da solidariedade. São promessas de proteção e segurança, o início de toda tirania desde que o mundo é mundo. Contra elas temos tantos argumentos, o mundo real escancarado. E vamos à luta, respeitando as regras, com senso de justiça. Então, surgem os loucos, os covardes, que disparam com metralhadoras todo tipo de censura. Querem nos dizer o que é verdade e o que é mentira. Não importam os fatos, exigem nosso silêncio, uma espécie de morte. Jogam sobre nós "gigantes adormecidos". Tentam nos cercar, tirar nossos empregos, nos calar, "cancelar". Sobrevivem disso, de prejudicar quem não pensa como eles.

De minha parte, nunca precisei do fracasso de ninguém para nada. Nunca prejudiquei ninguém, no caminho para minhas conquistas. E já são 32 anos de jornalismo... Do menino que fui em dias distantes mantenho o olhar curioso e desconfiado. Nunca embarquei num mundo imaginário, em planos que não deram certo em lugar nenhum, em nenhuma época. Coleciono fatos, argumentos, amplifico minha voz, aumento a fonte das palavras que digito. Agora, com muito orgulho, aqui, na Gazeta do Povo, que leio diariamente há um bom tempo, linha por linha. Este jornal, há quase 102 anos, sabe muito bem do que se trata: é sobre liberdades, é sobre verdades, honra e caráter.

Seu apoio garante a sobrevivência do jornalismo por excelência, com base nos fatos. Apoie ideias e valores nos quais acredita!


Esta coluna estreou em 18 de dezembro de 2020

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July 25, 2023
O jornalismo no fogo do inferno

Não há mais liberdades que o jornalismo refém de si mesmo, de seus objetivos egoístas se sinta obrigado a defender. A revolução o comprou, e ele compra a revolução

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July 25, 2023
A ruína do país em cinco letrinhas

O PT trabalha pela criação de uma lei da censura. O STF já assumiu o papel de censor, mesmo que não haja permissão legal para isso

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Chifres, rabo e tridente na mão

"Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas. Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo"

00:03:42
July 25, 2023
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O jornalismo no fogo do inferno
Aceitando ilegalidades, mesmo em "defesa da democracia", não é jornalismo

"Só ditadura cassa mandatos, só ditadura cria censura, só ditadura tem presos políticos". São falas do ministro Luís Roberto Barroso. A conclusão, então, é simples: estamos numa ditadura. E ela tem sido imposta em quatro frentes revolucionárias. O STF, agora "poder político", vem à frente, com seu neoconstitucionalismo. O Executivo, "orgulhoso comunista, graças a Deus", relativiza a democracia; quem pensa como ele é democrata. Os outros, os outros são nazistas e fascistas. O Legislativo, acovardado ou comprado, aceita todos os horrores. E a imprensa deixou de ser imprensa, decidiu que o mal é tudo aquilo que se opõe ao projeto revolucionário em curso.

O jornalismo morreu. Não podia ser diferente. Decretou seu próprio fim quando aceitou e promoveu a interdição do debate, quando admitiu apenas um lado da história, quando aboliu perguntas, suspeitas, quando abandonou a curiosidade, se desvinculou das leis, de fatos, se afastou da verdade. O jornalismo morreu, quando parou de desconfiar, de duvidar, quando abandonou a humildade, se viu acima do bem e do mal e se entregou à soberba e à arrogância. Sua militância desvairada não deixa dúvida: o jornalismo apodrece. Não tem mais histórias reais, histórias em movimento, tudo foi invertido, pervertido, subvertido.

Não há mais liberdades que o jornalismo refém de si mesmo, de seus objetivos egoístas se sinta obrigado a defender. A revolução o comprou, e ele compra a revolução

É doloroso ler os editoriais desse jornalismo fantasma, que tem delírios de um moribundo, mas já está no purgatório. Não terá chance; seu caminho para o inferno é certo. A questão é que sua maldade fedorenta ainda tem algum poder, num país com pouco conhecimento e pouco senso crítico. E todos nós, de alguma forma, podemos ser arrastados para o fogo. O jornalismo que puxa o nosso pé jura que "vivemos recentemente anos soturnos, durante os quais a democracia foi constantemente ameaçada por um governo obscurantista". Desgarra-se da realidade, não pode citar ações e exemplos concretos, entrega-se a desatinos, a adjetivos toscos.

Não há mais liberdades que o jornalismo refém de si mesmo, de seus objetivos egoístas se sinta obrigado a defender. A revolução o comprou, e ele compra a revolução. Isso inclui obrar editorias com coisas assim: "É essencial regular as plataformas digitais, que tanto contribuíram para a instabilidade democrática". Flávio Dino, mais específico e direto, admite que "é para barrar as ideias da direita". Vale qualquer ilegalidade, qualquer abuso, qualquer incongruência, no descaminho da ditadura total.

Nos editoriais do jornalismo que não é mais jornalismo, nem mesmo um arremedo dele, descubro que, "após quase sete meses de governo Lula, pode-se afirmar sem medo que a democracia brasileira não corre mais risco", que "coube ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral grande protagonismo na defesa da legalidade", que "os tribunais agiram com energia contra extremistas"... e "já não existe motivo nem demanda social por medidas voluntaristas: inquéritos com objetos vagos, que nunca se encerram, e prisões sem firme base legal". É assim: a ilegalidade pode ser "legal", enquanto considerarem "necessário"... Os jornalistas que não são mais jornalistas, agora que "o golpismo foi derrotado", querem "viver plenamente a democracia", mas já estão a um passo do fogo do inferno.


Esta coluna foi publicada em 20 de julho de 2023.

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July 25, 2023
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A ruína do país em cinco letrinhas
PT e STF estão unidos, e a desgraça será completa

Eles têm um projeto… um projeto de poder. O PT e a maioria do STF. O partido está empenhado nisso desde a sua criação. Nada do que fez até hoje foi pelo bem do Brasil, nada. O Supremo, com tantos integrantes petistas ou aliados circunstanciais do PT, acabou contaminado. Entregou-se a artimanhas para liberar Lula, para tirá-lo da cadeia e lançá-lo candidato à presidência. Entregou-se a uma guerra contra os antipetistas, numa perseguição desenfreada, alucinada, que envolve uma série de ilegalidades: inquéritos, censura, prisões. O PT e a maioria do STF, por enquanto, estão unidos, no prenúncio de uma desgraça completa.

Quando o STF ainda não era o "editor do Brasil", um "poder moderador no semipresidencialismo", um "poder político", o PT aprontava sozinho. O partido votou contra a Constituição de 1988, porque queria um texto ainda mais socialista do que aquele que foi aprovado. O PT votou contra o Plano Real, considerado pelo partido uma medida eleitoreira... Votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra a minirreforma trabalhista no governo Temer, contra a MP da Liberdade Econômica, contra a reforma da Previdência, contra o Marco Legal do Saneamento Básico. O PT é contra todas as tentativas de privatização de estatais e, com a ajuda do então ministro Ricardo Lewandowski, conseguiu indicar, de novo, políticos para os cargos de diretoria e conselhos de administração dessas empresas.

O PT trabalha pela criação de uma lei da censura. O STF já assumiu o papel de censor, mesmo que não haja permissão legal para isso

O PT é contra melhorias no sistema eleitoral. A maioria do STF também. O PT trabalha pela criação de uma lei da censura. O STF já assumiu o papel de censor, mesmo que não haja permissão legal para isso, mesmo que as leis proíbam qualquer forma de censura. O Judiciário corta cabeças livremente. Ignora imunidade parlamentar, graça presidencial, cassa mandato por possível prática irregular vislumbrada num futuro. E o PT pede mais, pede e comemora a eliminação de seus opositores. O partido é contra o debate, contra o confronto de ideias, quer impor "verdades", uma só opinião. A maioria do STF age da mesma forma.

Para prender opositores vale tudo. Vale também dificultar ao máximo a defesa deles. Já os bandidos de verdade – corruptos, lavadores de dinheiro, traficantes de drogas, assassinos, sequestradores –, para esses a máxima proteção. O PT e a maioria do STF têm apreço pela leniência a crimes reais, pela impunidade, pelo desencarceramento dos condenados corretamente, dentro do devido processo legal. Eles mandam e desmandam, são loucos pelo poder absoluto.

O PT ama o globalismo, o governo mundial, a Agenda 2030 da ONU, a nova ordem para o fim das liberdades. A maioria do STF também. Petistas e ministros do Supremo dão giros pelo mundo para falar disso tudo. Sem jamais abrir mão do luxo, das mordomias, de hotéis e restaurantes caríssimos, de boa comida, boa bebida. O PT e o Judiciário vivem entregues à gastança, gastam, gastam, como se não houvesse amanhã. E, nesse ritmo, talvez não haja mesmo... Eles são os mestres da arrogância, da soberba, e o que vem, depois disso, é a ruína de um país.


Esta coluna foi publicada em 13 de julho de 2023.

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July 13, 2023
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Chifres, rabo e tridente na mão
Lula se acha Deus, mas sempre teve parte com o demônio

Ele tem a voz do diabo, a mesma cor vermelha, os olhos injetados. Ele vocifera, ele é colérico, é ódio puro, raiva, desejo de vingança. E dá vazão a toda sua ira. Ele é incendiário, é infernal. Ele é comunista, e isso é bem mais importante do que ser democrata... No incêndio destruidor de tudo, ainda há quem afirme que ele é "sabidamente democrata e que vem arriscando de forma consciente a própria reputação". Nas enormes labaredas, ainda há quem propague, disfarçadamente ou não, que ele deveria ser um "ditador benigno do Brasil". Para ele tudo é meio relativo. Ele é a mentira. Tudo o que diz e faz deixa claro que tem parte com o demônio, mas ele se considera Deus.

Ele é contra a família, os costumes, o patriotismo. É contra as leis naturais, a lei moral, contra as leis dos homens, contra os direitos humanos, as liberdades fundamentais. Suas leis são todos os males reunidos. Ele abraça um coletivo diabólico que acha normal o expurgo de opositores, de qualquer um que queira combater o fogo em que ardem o alento e a esperança. Venezuela, Nicarágua, Cuba, ele não condena as ditaduras porque deseja para o Brasil algo parecido... E atiça, a todo momento, o fogo do inferno.

Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas. Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo

O capiroto é atrevido, ardiloso, enganador. Ele finge que nazismo e comunismo são antagônicos. Fala mal de Israel, dos Estados Unidos, se indispõe com a Europa, com o Ocidente. O que deseja são as diabruras da China, da Rússia, do Irã. Ele é contra a liberdade econômica, o agronegócio, o mundo real, contra o que sempre deu certo. Defende diabolicamente o desastre. Ele é como Mussolini, quer que tudo seja pelo, para e no Estado, mas fascistas são os outros. E, nesse inferno, não há parlamento que não possa ser comprado. Ele tem bilhões e bilhões para distribuir.

Ele diz que foi golpe o que não foi golpe. Diz que foi tentativa de golpe o que não foi tentativa de golpe... Ele é viciado em golpes, é milionário. Seus filhos são milionários. A pobreza é para os outros. Sua vontade é que pelo menos metade da população brasileira continue sem saneamento básico, sem rede de esgoto ou sem água tratada ou sem os dois. E não sente culpa. A culpa, toda ela, é de governos anteriores, de cúmplices que o abandonaram e que, agora, ele amaldiçoa. A culpa também pode ser da sua mulher morta... O fogo queima tudo.

A roubalheira, a corrupção, a incompetência, a maldade, é dele tudo isso. Em sua democracia particular cabe um bocado de ditadura, um governo mundial, com chifres, rabo e tridente na mão. Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas. Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo. E quem insiste em não enxergar tudo isso certamente vai arder ao lado dele no inferno.


Esta coluna foi publicada em 06 de julho de 2023.

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