
A democracia saltitou no plenário do Senado. Abraços apertados, beijinhos... Foi a comemoração anedótica, cheia de piadas e gracinhas, dos altruístas, dos patriotas, de quem só pensa no Brasil e nos brasileiros. Não haverá, como temia a imprensa, "solavancos democráticos". Foi garantido o asfalto do caminho para um pensamento único, sem freios e sem contrapesos. Estamos livres da "doença institucional", que jornalistas temiam que se alastrasse.
Ninguém viu fisiologismo, distribuição de cargos, promessa de entrega do comando de comissões importantes. Ninguém viu mordomias asseguradas, verba aumentada para isso, para aquilo. Não, não houve, nem no Senado, nem na Câmara. E um ministro petista garantiu que o governo "não interferiu em absolutamente nada" no processo eleitoral nas duas casas. Ressaltou que "não é prática do presidente Lula querer fazer uma intervenção no Congresso Nacional". É verdade, Lula não se envolveria nisso... Ele nunca soube, por exemplo, da existência do Mensalão, ele nunca soube de nada.
Foi garantido o asfalto do caminho para um pensamento único, sem freios e sem contrapesos
Teve jornalista publicando que ministros do STF entraram na campanha pela reeleição de Rodrigo Pacheco no Senado. Será? A turma achou a informação normal, mesmo que os magistrados não possam exercer atividade político-partidária. Claro, vale tudo em defesa da democracia, para conter atos golpistas e antidemocráticos. Você pode censurar, banir, perseguir, prender, contra tudo o que está escrito, pisoteando o processo legal. Você pode inventar inquéritos, reinventá-los indefinidamente. Você pode interpretar ou criar tipificações criminais e nelas enquadrar quem quiser.