
O ódio cega, o ódio ensurdece, o ódio, quase sempre, trai a realidade. O ódio cria alucinações, miragens, visões equivocadas. Quem odeia ouve vozes desconexas, irreais, os absurdos e seus ecos. O ódio pode destruir todas as verdades. O ódio desequilibra as decisões, impede a argumentação coerente, o olhar por todos os ângulos. O ódio representa a destruição completa das histórias reais, o declínio, o fracasso, a capitulação ao desejo doentio de destruir daqueles que deveriam contar essas histórias: os jornalistas.
Não há imparcialidade, isenção, quando o que move um jornalista é o ódio, a antipatia, a repulsa. Com Bolsonaro foi assim, desde o início. Nunca um presidente da República recebeu da imprensa ira tão profusa. Foi o governo das rachadinhas, da milícia, do orçamento secreto... O que fazia de bom, invariavelmente, era ignorado, ou editado malandramente, reduzido com conjunções adversativas. O que era ruim virava o crime mais nojento, o erro mais grave já cometido por um governo. Qualquer suspeita merecia condenação imediata. Agora, com Lula, o processo foi invertido.
O apreço dos jornalistas deveria ser sempre aos fatos, à verdade, mas segue o baile da militância, agora a favor de quem tomou o poder
Quem era o "rei das rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro? Flávio Bolsonaro, que teve movimentações financeiras suspeitas de R$ 1,2 milhão identificadas, em 2018? Ou André Ceciliano, do PT, então presidente da Alerj, com movimentações de quase R$ 50 milhões? Na época, havia 27 deputados e 75 assessores parlamentares investigados. Ceciliano estava no topo da lista. Flávio Bolsonaro era o 17.º. Infelizmente, os inquéritos que apuravam as rachadinhas acabaram arquivados. Para a imprensa, o petista nunca pareceu culpado. Para a imprensa, não há problema algum que Lula tenha nomeado agora André Ceciliano para comandar a Secretaria de Assuntos Federativos.