
Quantas e quantas tragédias teremos de enfrentar, para evitar os nossos erros? Tudo desmorona, despenca, já faz tanto tempo, e não somos ainda capazes de assimilar experiências, aquelas que desaguam em desgraças e também as que resultam em realizações, bonança, felicidade. Se não podemos aprender com o que experimentamos, se fechamos nossos caminhos na imaturidade, na cegueira, estaremos para sempre nos oferecendo como vítimas certas a toda sorte de absurdo.
O Brasil que desliza nas encostas, nos morros das nossas cidades, na Serra do Mar é um país que ignora o passado, a história. Avançamos sobre a mata em construções insanas, apoiamo-nos no perigo... O ritmo da irresponsabilidade é avassalador, como a chuva torrencial. O solo impermeável, o precipício sendo armado, os mesmos erros nos tirando a chance de sobrevivência, nos soterrando em lama e pedra.
Quanto tempo ainda temos para errar, para permitir que errem tanto? Quantas vidas se perderão ainda, até que tenhamos um país decente?
São desgraças permitidas pelo poder público. A urbanização torta que costuma dar votos a políticos assassinos. A ocupação irregular do solo urbano, que movimenta uma máfia insensível de aproveitadores. Quem fala em mudanças climáticas não percebe que não mudam o desprezo pela vida humana, a exploração e condenação de desesperados, a prática do crime de aceitar uma tragédia sempre sendo armada.